Jornalistas concluem primeira etapa de projeto que enfrenta crise da profissão

A primeira fase do Projeto Enfrentamento da Crise da Profissão de Jornalista (Enprojor) terminou neste mês de julho, no dia 3, com a defesa da tese de doutorado sobre a iniciativa, pelo jornalista Marcello Riella Benites. A pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (PPGCL/Uenf), em Campos dos Goytacazes (RJ). O evento ocorreu em formato híbrido.

Benites e a banca de professores na apresentação dos resultados do Enrpojor: da esq. para direita, Menezes, Jacqueline, Milena, Eliana e Arruda; na tela, Janaina Nunes

A investigação acadêmica, iniciada em 2021, foi avaliada por professores universitários, a maioria jornalistas, de quatro instituições. Além de estudantes de pós-graduação de diversas profissões, assistiram à defesa, remotamente, integrantes da Comunidade de Pesquisa e Prática (CPP) do Enprojor, também profissionais da área. Jacqueline Deolindo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos dos Goytacazes (RJ), estava entre os avaliadores. "A pesquisa tem o grande mérito de reunir colegas para refletirem sobre o mercado de trabalho e vislumbrarem enfrentamentos", disse.

Janaina Nunes, professora da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom/UFJF) também participou da banca, on-line. "É uma Pesquisa-Ação 'fora da caixinha'. Os depoimentos dos profissionais ilustram a parte conceitual, ao longo da tese, como numa reportagem, sem perder a profundidade acadêmica", relata Janaina, que coordena o Curso de Especialização em Mídias na Educação da Facom e participou remotamente.

A Pesquisa-Ação, mencionada pela professora, é uma metodologia na qual uma comunidade, acompanhada por um ou mais pesquisadores, busca solucionar ou reduzir problemas comuns de seus membros. Atuante na área sindical, o professor Vitor Menezes, também do Centro Universitário Fluminense (Uniflu), ressaltou a relevância do Enprojor para a luta trabalhista dos jornalistas na região. "Considero que Benites ampliou muito o leque de enfrentamentos", questionou Menezes.

Uma luta, muitas frentes

Marcello concordou: "De fato, corri esse risco de tratar de vários aspectos da crise da profissão para que, nessa primeira etapa, o Enprojor atraísse jornalistas atingidos pelas mais diversas dificuldades da área, como a não exigência do diploma, passando pelo desemprego, até a concorrência dos influencers. Acredito que, nos anos que virão, poderemos aprofundar e realizar iniciativas para cada uma das frentes de luta". Eliana Crispim, do próprio PPGCL, doutora em linguística, contribuiu com uma visão acadêmica externa à área jornalística. "O trabalho alerta para a importância de refletirmos sobre quem é o jornalista, e qual a sua influência social", afirmou ela.

A investigação foi orientada pelo escritor, jornalista e professor do PPGCL, Sérgio Arruda. "De fato, desde o começo, vimos que era uma pesquisa ousada, mas dados os extremos problemas da profissão, e a importância do jornalismo para a democracia, especialmente, em tempos de tecnofascismo, resolvemos investir. Além do mais, o projeto era bem convincente", afirmou. Já a jornalista e professora do PPGCL Milena Hygino Nunes, coorientadora, comentou: "O Enprojor é uma significativa contribuição para defender os jornalistas, mas também para incentivá-los a apropriar-se sempre mais da responsabilidade de serem formadores de opinião".

Próximo encontro do Enprojor

"Ter sido convidado para esse projeto me deu um novo fôlego, porque eu estava vivendo a profissão do jeito que a vida me levava. Assim, pude pensar outra vez o que é, de fato, ser um jornalista, e retomar alguns ideais que havia deixado para trás", contou, num encontro on-line, um dos membros da CPP, que na pesquisa tiveram a identidade preservada. O primeiro encontro on-line da segunda etapa do Enprojor será no dia 2 de outubro, quinta-feira, das 19h às 20h30. Pessoas que quiserem ser lembradas e receber o link podem fazer contato pelo WhatsApp (22) 99832-9028.