Não perca tempo com fake news, vamos usar nossa energia para eleger Lula

11/10/2022

Por Ana Cristina Hermano

Vale a pena gastar tempo nas redes sociais para desmentir fake news contra nosso candidato ou é melhor apresentar o programa de Governo e as ações positivas dele? Para os eleitores de Lula, os mais atingidos pelo disparo de informações falsas, não é fácil chegar a uma conclusão sobre a melhor estratégia a seguir.

Acredito que devemos saber dosar. Submeta as informações que desconfia serem falsas a agências de checagem e use os mecanismos de denúncia, entre esses o site do TSE, para registrar fake news e discursos de ódio. Mas não perca muito tempo com essas mentiras. É preciso falar das razões - e são muitas - que nos levam a votar em Lula.

Vale ainda lembrar como funciona o algoritmo. Se compartilharmos, reagimos (mesmo se com emoticon de raiva) ou comentamos, a fake news falsa ganha maior visibilidade e chega a mais pessoas. Repito: melhor que interagir com esse contéudo falso e repostá-lo nos grupos é denunciá-los nos canais adequados.

Tal bombardeio de fake news não acontece por acaso. Faz parte da técnica do firehosing, palavra que vem de firehose, mangueira de incêndio em inglês. Imagine se, no lugar de água, essa mangueira disparar com a mesma força uma série de informações falsas?

A técnica do firehosing consiste em espalhar muitas fake news e com tamanha velocidade que não é possível checá-las e desmenti-las com a mesma eficácia e rapidez. O primeiro a utilizar o firehosing foi o presidente russo Wladimir Putin e uma jornalista daquele país, Masha Gessen, se tornou uma das principais estudiosas da técnica.

Masha afirma que provar verdades óbvias e consolidadas é algo muito humilhante e enfraquecedor. Perdemos tanto tempo e energia na tentativa de provar que não são verdadeiras que nos sentimos tristes e cansados.

Nestas eleições estamos sendo bombardeados com centenas de fake news, postadas em redes sociais ou disparadas pelos aplicativos de mensagens como WhatsApp e, pior, muitas vezes por robôs. Vale lembrar que, além dos boatos e factoides, recebemos até notícias antigas com nova roupagem, informações distorcidas e descontextualizadas.

Estudos sérios já comprovaram que quando uma "mentira" é contada por diferentes fontes, acaba se tornando crível aos olhos de muitas pessoas. Foi assim que um grande número de eleitores acreditou que o deputado federal com falas violentas e incompetente era "mito" e o elegeram como presidente.

Uma imprensa parcial, com pauta regida por grandes empresários, "endeusou" a Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro, apoiou o golpe contra Dilma, a prisão de Lula, apesar de não haver provas contra ele, e fez surgir um "monstro": as redes de "informação" paralelas.

Ao perder a sua credibilidade, a imprensa tradicional deu espaço para uma verdadeira fábrica de fake news, composta por "influencers", sites e até uma produtora de vídeos via streaming de ultradireita, o Brasil Paralelo.

Os principais alvos desses "formadores de opinião" neofascistas são o PT e Lula. Para atacá-los, mentem dizendo que a esquerda planeja fechar igrejas, implantar o "kit gay", a "ideologia de gênero" e o comunismo. Esse último é um fantasma antigo que "assombrou" o Brasil em 1964 e foi usado como desculpa para implantação da ditadura militar.

Nas eleições de 2018, um estudo da Organização Avaaz apontou que 89,77% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram em notícias falsas. Parece que nada mudou. Esses mesmo eleitores julgam verdadeiras as fake news relacionadas a Lula e ao PT, mas consideram mentirosas as informações fidedignas que denunciam os crimes e a incompetência de Bolsonaro.

Mesmo se muitos já falaram sobre isso, não custa repetir. Estamos na Era da Pós-verdade. Nossa opinião ou a de outros - baseada tantas vezes na emoção e em preconceitos - são mais importantes que a realidade. Aliás, não é difícil encontrar mensagens e vídeos de influencers que apresentam uma mentira revestida de "verdade paralela".

O atual chefe do Executivo, falsamente apresentado por algumas pessoas como o único candidato cristão, gosta de repetir uma frase bíblica: "Conhecereis a verdade e ela vos libertará" (Jo 8,32). Quem está ao lado da mentira, como Bolsonaro, deveria temer esse ensinamento de Jesus. Vamos acreditar e trabalhar para que verdade triunfe ao fim desta eleição e Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito presidente do Brasil.